As ruas da cidade estavam silenciosas, mas não pela calma. Havia tensão, uma sensação de que o ar estava carregado de vibrações ocultas. Kael caminhava com Arion ao seu lado, discutindo sobre os recentes ataques sonoros que haviam destruído pequenas áreas próximas ao centro da cidade.
— Algo ou alguém está manipulando o som de forma perigosa — disse Arion. — Não é apenas habilidade; é **intenção de controlar e destruir**.
Kael sentiu um arrepio. Pela primeira vez, o desafio não era apenas aprender ou testar sua Voz. Era enfrentar alguém que entendia o som de forma tão intensa quanto ele, mas com objetivos sombrios.
À distância, uma torre metálica surgia. Um quartel de som, ecoando com frequências baixas e densas que faziam o chão vibrar a cada passo. Lá dentro, Lucian aguardava, sentado sobre uma plataforma giratória, cercado por sua equipe de instrumentistas sombrios.
— Kael… ouvi falar de você — disse Lucian, a voz atravessando ondas de energia sonora que distorciam o ar. — Dizem que sua Voz é perfeita. Mas perfeição sozinha não basta para sobreviver no **domínio absoluto do som**.
Sua equipe se movia em sincronia. O percussionista lançava ondas de impacto, fazendo o chão tremer. O sintetizador criava rajadas distorcidas, quebrando a harmonia natural. A flautista soprava notas cortantes que formavam armadilhas invisíveis no ar.
Kael e Arion trocaram um olhar. Era hora de agir, mas não apenas com força bruta. Cada nota, cada gesto deveria ser calculado. Kael concentrou sua Voz, sentindo a frequência do quartel de Lucian, absorvendo a distorção e transformando-a em energia defensiva.
As primeiras ondas colidiram. Raios sonoros rasgavam o ar em linhas visíveis, cores vibrando conforme a intensidade. Kael desviava, absorvia e redirecionava. A equipe de Lucian avançava em padrões complexos, forçando Kael a improvisar. Cada instrumento, cada ataque, cada defesa criava **uma dança de som e forma**.
Por um instante, o tempo parecia se estender. Kael percebeu que não bastava apenas reagir: precisava antecipar os padrões, harmonizar com os aliados e criar seu próprio fluxo de batalha. O poder de Lucian era enorme, mas ele ainda não conhecia a **profundidade da Voz perfeita**.
Antes que a batalha se intensificasse ainda mais, uma luz surgiu sobre a arena: o Guardião apareceu, impondo silêncio absoluto. — Este não é o momento para confrontos fora do torneio — disse firme. — Cada batalha fora do evento oficial ameaça desestabilizar todo o equilíbrio sonoro da cidade. — Preparem-se, pois o grande torneio está por vir.
Kael compreendeu naquele momento: a guerra de sons não era apenas habilidade, mas estratégia, disciplina e paciência. Lucian era apenas o primeiro desafio. O verdadeiro teste ainda estava por vir.
Nota: Episódio 6 introduz o primeiro vilão, Lucian, e sua equipe de instrumentistas. Apresenta o perigo das batalhas fora de controle e a necessidade de disciplina. O Guardião estabelece regras, preparando Kael e o leitor para o **grande torneio da T2**. Visualizamos ataques e defesas detalhadas, enfatizando estratégia, improvisação e a relação entre som e espaço.